Resenha: A Causa Secreta
A crueldade humana em A Causa Secreta
A Causa Secreta, é um dos contos mais fortes e sombrios de Machado de Assis, foi originalmente publicado em 1885 na Gazeta de Notícias e agrupado em 1896 na obra Várias Histórias (Nº de Páginas: 250 ,publicado originalmente por Laemmert & C. Editores, Rio de Janeiro em 1896).
Machado de Assis foi um grande compositor no gênero de conto na literatura brasileira. Ele focava em temas existencialistas de cunho filosófico, como Schopenhauer e Nieztche.
O texto, através de uma linguagem bastante acessível, que não é tão comum nos textos de Machado de Assis, mistura momentos de narração e com momentos de diálogos diretos, o que torna a história mais “real”.
O conto inicia-se com Maria Luísa, Fortunato e Garcia silenciosos. Depois de nos apresentar as personagens, o narrador começa a descrever o fato que culminou no silencio das personagens.
Quando Garcia ainda era estudante de medicina e a primeira vez que viu Fortunato foi quando o viu saindo da Santa Casa. Alguns dias depois Fortunato apareceu na casa de Garcia quando socorria um vizinho que fora ferido.
Fortunato passou alguns dias ao lado do vizinho ajudando-lhe se recuperar.
Dias depois de o vizinho ter se recuperado, Fortunato foi embora. Garcia e o vizinho decidiram visitar Fortunato, mas eles foram recebidos grosseiramente, e foram embora sem saber entender o que havia ocorrido.
Logo depois de ter se formado, Garcia mudou-se para uma casa perto de Fortunato, e começaram a se encontrar até que Fortunato o convidou para visita-lo. Fortunato estava cansado e a sua esposa, Maria Luísa, parecia ter medo do marido.
Garcia e Fortunato viraram amigos, e Garcia passou a visita-lo com mais frequência. Numa dessas visitas Garcia contava a Maria Luísa como conhecera Fortunato e ao longo da historia, Fortunato começou a zombar do ferido, assustando sua esposa.
Fortunato convidou Garcia para que tornasse a sua casa uma casa de saúde, e Garcia aceitou. Em pouco tempo a casa já estava funcionando e Fortunato era bastante dedicado ao trabalho.
Devido as frequentes visitas a casa de Fortunato, Garcia acabou se apaixonando por Maria Luísa, que percebia o amor dele, mas ficava calada.
Certo dia Maria Luísa pediu a Garcia para que mandasse Fortunato parar com experiências que fazia com animais (Fortunado dizia que era para estudo de fisiologia), pois a deixava doente.
Depois dessa grande narrativa, o narrador volta ao presente, quando os três estavam silenciosos na sala e explica o que acontecera:
Quando Garcia chegou a casa de Fortunato encontrou Maria nervosa:
— O rato! O rato! exclamou a moça
sufocada e afastando-se. Garcia lembrou-
se que na véspera ouvira ao Fortunado
queixar-se de um rato, que lhe levara um
papel importante (...)
Garcia entrou no escritório e se deparou com Fortunato sentado à mesa com um rato amarrado. Fortunato, feliz, cortava as patinhas do rato uma por umae depois de cortar aproximava o animal do fogo para deixa-lo vivo mais tempo.
Depois de observar essa tortura, Garcia concluiu que Fortunato sentia prazer da dor alheia e esse era o segredo dele.
Fortunato veio se explicar depois falando que o papel que o rato roeu era muito importante e por isso a tortura com o animal.
Logo depois do acontecido, Maria adoeceu e morreu. Na sala do velório, depois que todo mundo foi embora, Fortunato foi silenciosamente ver Maria, mas se deparou com Garcia dando um beijo no rosto dela, não sentiu ciúmes. Logo depois Garcia deu outro beijo e começou a chorar, Fortunato não aguentou e “saboreou” a dor de Garcia que foi “deliciosamente longa”.
A Causa Secreta é um conto excepcional de Machado de Assis, pois revela umas das maiores características da sociedade sobre a condição humana.
Este conto também pode ser considerado como um expoente máximo da técnica de Machado de Assis, pois deixa o leitor impressionado com o desfecho inusitado, mas que mostra a crueldade do ser humano. Também trata-se de uma obra excelente para quem gosta dos textos de Machado, mas acham cansativa a linguagem rebuscada que se encontra em alguns textos.
