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Resenha: Missa do Galo

Missa do Galo é um conto de Machado de Assis, o Bruxo do Cosme Velho, escrito em 1895, cujo tema é uma suposta tentativa de sedução entre um rapaz de 17 anos, Nogueira, e uma mulher de 30 anos, D. Conceição.


Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor e poeta brasileiro. Foi o fundador da Academia Brasileira de Letras e ficou famosopor muitos de seus livros, como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba e O Alienista. Bem como por seus contos, publicados em sua fase mais madura, entre eles encontra-se Missa do Galo.


D. Conceição é uma típica mulher da época do século XIX, voltada às prendas do lar e tutelada pelo marido, ar de mistério, calada, reservada.


Sujeitava-se e com o tempo passou a achar normal, as escapulidas de Menezes, o qual mantinha caso com uma serigaita e por conta disso, o mesmo dormia fora de casa uma vez por semana e a todos alegava ida ao teatro. D. Inácia, mãe de Conceição, não gostava nem um pouco da atitude do genro e apesar de tentar retê-lo em casa, sem sucesso, fazia vista grossa, enquanto as escravas zombavam. O tempo narrativo do conto é uma hora cronológico e todo ele psicológico, uma vez que o mesmo é narrado por Nogueira, a partir da lembrança de quando era um jovem e estava hospedado na residência do casal. Nogueira era primo da primeira esposa de Menezes, que o acolheu, pois o rapaz precisava estudar na capital. Nas férias ele deveria retornar para Mangaratiba, mas como nunca tinha visto a Missa do Galo na corte, resolveu retardar a sua volta. Combinara com um vizinho que quando desse o horário, iria até a casa do mesmo para irem juntos à Missa do Galo e durante esse espaço de uma hora de tempo que se dá o diálogo entre D. Conceição e Nogueira, na sala de visitas, com o resto dos personagens já em seus aposentos, D. Inácia, as escravas (que apenas são citadas) e Menezes no “teatro”. Nogueira lê Os Três Mosqueteiros quando aparece na sala D. Conceição e esta que para o jovem era apenas bonita, tornou-se linda. Nogueira o tempo todo emenda um assunto no outro, com o intuito que a conversa não acabe nunca, eles chegam a sussurrar em dado momento, em outro total silêncio, que é quebrado com as batidas na porta pelo vizinho que veio chamá-lo para a missa do Galo. O conto é finalizado com a informação do destino dos personagens.


É uma narrativa que prende, dando margem ao leitor especular de maneiras várias sobre o tema, é um conto com um toque de humor fino, típico de Machado, o qual brinca com a linguagem, brinca com o leitor, no uso do duplo sentido “boa conceição”. Mas não um duplo sentido grotesco, mas sutil. Uma narrativa que nos faz pensar também nas referências de gênero, enfim, um conto apaixonante, intrigante, que vale muito apena ser lido por todos.

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