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Resenha: Teoria do Medalhão

Ofício para status na sociedade do século XIX

Teoria do Medalhão, conto de Machado de Assis publicado originalmete na Gazeta de Notícias, em 1881, posteriormente recebeu a nomeação de Papéis Avulsos. Construída nos moldes machadianos, apresenta ênfase realista e mostrou-se aceita pela sociedade da época, ao passo que a criticava por meio do tema literário.


Joaquim Maria Machado de Assis foi um célebre escritor brasileiro nascido no Rio de Janeiro, em 1839. Adepto ao ramo literário, escreveu em praticamente todos os gêneros, como poesia, romance, crônicas, entre outros. O gênero tratado a seguir é o conto, onde Machado com seu cunho realista metaforiza a sociedade por meio de personagens esféricas (com aprofundamento psicológico) e critica seus costumes. Além de escritor, Machado de Assis ainda é reconhecido pela sua atuação como crítico, sendo intitulado por José de Alencar como "O Primeiro Crítico Brasileiro".


O conto retrata uma conversa entre Janjão, moço de 21 anos que está a uma hora de entrar para a maioridade, e seu pai. Janjão mostra-se passivo e facilmente influenciável pelas ideias de seu pai, neste aspecto pode-se dizer que o jovem é uma metáfora dos cidadãos, enquanto seu pai, da sociedade e suas premissas. O então pai apresenta a ideia de que seu filho deveria tornar-se medalhão, ofício que lhe traria todos os bens da vida sem muito esforço (comodismo) e então ao longo do texto explica por que deve seguir a profissão. Diz que o reconhecimento de um medalhão não vem depressa, mas que apenas com 45 ou 50 anos enxerga-se as consequências, além disso, para isso não precisa ser uma pessoa questionadora ou com destaque intelectual, mas que poderia ser uma pessoa que não pensa ou cria suas próprias opiniões. Neste ponto Machado critica diretamente a sociedade da época, pois aceitavam as ordens que lhe eram dadas e não as questionavam, possuíam costumes que dividiam a sociedade e nem sempre faziam algo para contestá-las, isso fica evidente no fim do conto onde o pai alerta o filho de que jamais deve ser original e questionar o que já foi dito por grandes pensadores, como Aristóteles, porém, no plano social, seria o governo e as ideias científicas de época. Outra coisa que é dito para que se possa seguir o ofício, é que em tudo o que Janjão vá fazer, sempre pense somente em si, pois somente assim conseguirá subir na carreira, o que mostra o individualismo predominante dos tempos de Machado.


Conclui-se então que o suposto ofício nada mais é que um manual de instruções para ser alguém de status em uma sociedade desigual. O pai, triste por não ter conseguido isso ao longo de sua vida, vê no filho uma chance de sucesso, a qual é a maior crítica de Machado de Assis, criticar uma sociedade onde tudo o que é feito, visa somente alcançar visibilidade, ou seja, dar continuidade a uma sociedade de aparências.

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