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Conto: Maldita Soma

  • Gustavo Lima
  • 11 de out. de 2015
  • 2 min de leitura

(Conto de autoria do aluno)


Era uma manhã, aparentemente, como todas outras nessa escola: as mesmas pessoas, os mesmos sorrisos e olhares; esperava eu que teria queijo naquele café da manhã acompanhado do achocolatado solitário de sexta-feira, contudo, pessoas prudentes, bons amigos, me informaram que ainda estávamos na quinta-feira. Fora isso, a manhã continuava a mesma. Contava meus 16 anos na época, época importante na vida.


Naquele dia haveria alguma apresentação, não me recordo nitidamente, é bem verdade que não prestei atenção alguma naquilo em si, esperava apenas as balas ou bombons que todos recebiam ao final de cada apresentação. Para ser sincero, além das balas havia algo que também me chamava a atenção. Amigos meus deduzem que seja uma garota, mas eles não precisam saber que é verdade.


No início da semana, já tinha se passado quinze dias após meu aniversário, cheguei à conclusão que em tudo o que fazia eu me sentia inseguro. Já tinha formulado essa hipótese havia muito tempo. Não que eu corresse perigo, se assim fosse chamaria ao ladrão, como aconselha Chico Buarque; mas não era esse tipo de insegurança, eu sabia que tinha medo de falhar, seja o que for o que estiver fazendo, de uma simples conta matemática até falar com uma garota, mesmo que fosse um simples “oi”.

Chegando a tal conclusão, propus a mim mesmo, me desafiei, a tentar mudar esse cenário, e nesse mesmo dia falei com a garota que citei, a da apresentação. Até hoje é um mistério a primeira vez que nos falamos, pois ainda não tive a audácia de comentar. Era a gentil Nelly, ela que esbanjava seu sorriso particularmente simpático, não era baixa nem alta, seus olhos atraíam-me como a lua atrai as ondas oceânicas; era singularmente bonita.


Mas voltemos à apresentação que estava a acontecer na escola. O primeiro grupo que vi já era de se esperar, não sei se é importante falar que era o grupo dela. Nelly parecia estar nervosa; eu, por mais que não estivesse apresentando, também estava. Ah, os amigos... O que falar dos amigos? Esses que, quando descobrem ou veem alguma coisinha, já aumentam tudo; esses até hoje juram que viram um olhar em minha direção, e desde então sou alvo de risinhos estranhos e passivos de constrangimento. Ela falava de algum monumento, sua importância, origem, só lembro de uma frase: “Já fui lá e, realmente, é muito bonito”. Frase simples, comecei a decorar as frases, algumas eram estranhas e engraçadas, para ficar lembrando a ela que tinha falado aquilo (confesso que ela não gostava muito, mas, o que eu posso fazer?) Ela continuou a apresentação. Ao findar, havia um desafio para os ouvintes, haviam dois ouvintes, se não me engano, eu e um colega de classe, o desafio era falar a idade do monumento, senti-me asno (“Como pude errar uma simples soma?!”), meu amigo ganhou o prêmio. Nada mais, nada menos que um bombom. Acabou. Tive que ir para o próximo grupo.

Ah, os outros grupos...


Desses, confesso que não lembro coisa alguma, nada, nada, estava ocupado demais pensando, pensando em como tinha errado a soma, apenas.


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© Conte Aí do 2º ano de Informática 2015 da Fundação Nokia. 

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