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Resenha: Adão e Eva

Livre arbítrio e influência


Adão e Eva, conto de Machado de Assis publicado em 1885, apresenta o esquema de história dentro de história. Começa com a discussão sobre quem é mais curioso: o homem ou a mulher? Um dos convivas apresenta uma narrativa com um quê de enigmático e que vem de um livro apócrifo (livro que não é reconhecido pela Igreja e que, portanto, está fora da Bíblia) da Bíblia.


Machado de Assis é reconhecido atualmente como o maior escritor brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro em 1839, o renomado autor publicou obras de praticamente todos os gêneros, como drama, poesia, romance entre muitos outros, incluindo o conto, aqui tratado.


É um relato que inverte a história de Adão e Eva, montando um cenário de aversão ao religiosismo não predominante, mas ainda existente na época. Primeiro porque apresenta a criação do Universo como fruto da ação do Diabo – Deus é que ia consertando as falhas provocadas pela malignidade, ou seja, o modo como o homem agia dentro da sociedade e mesmo em suas relações mais próximas. Dentro desse aspecto está a criação do homem e da mulher. Na forma crua, estavam dominados por instintos ruins. O toque divino atribui-lhes alma, tornando-os sublimes, sendo levados para o Paraíso. Inconformado com a destruição de sua obra, mas impossibilitado de entrar no campo divino, convence sua criação dileta, a serpente, a tentar Adão e Eva a comerem o fruto proibido. Neste ponto, Machado nos faz subentender que, segundo o tal livro proibido, o homem é bom, porém uma ação externa pode fazê-lo mudar e alterar suas ações, pode-se depreender que é o corrompimento do ser humano. De pronto o animal o atende, mas, por mais que insistisse, não obteve sucesso. Satisfeito com tal proeza de caráter, Deus conduz os dois para o caminho da glória.


Conclui-se que durante todo o conto há o relato de tentativas insistentes em um

ser, a serpente, tentando corromper o homem, ação que pode ser transferida para o plano social e ser caracterizado como as crenças, leis e costumes impostos socialmente, que modificam o estado natural de pensamento humano, porém Machado nos mostra que mesmo com a presença constante de tudo isso, o ser humano possui o livre arbítrio e é totalmente responsável por suas escolhas.

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