Resenha: O Enfermeiro
Publicado na obra Várias Histórias de Machado de Assis a 1896, O enfermeiro nos permite conhecer uma história com traços marcantes do realismo e personagens bem curiosos. A história de fato começa quando um homem de 42 anos estudante de teologia é contratado como enfermeiro de um coronel em uma Vila, ao chegar a Vila, fica sabendo que o tal coronel é na verdade insuportável.
Nos primeiros sete dias de chegada tudo vai muito bem, porém a partir, do oitavo dia o coronel diz o porquê de sua fama ser tão conhecida na vila. Começam os primeiros xingamentos, depois as agressões físicas além das humilhações que Procópio terá de aguentar. O tempo corre e as brigas continuam a aumentar. Certo dia o coronel acerta Procópio com a sua bengala, esse, decide então ir embora, porém o coronel pede clemência e então o enfermeiro desiste da ideia.
Contudo, o episódio mais importante da história o qual Machado utiliza para tecer sua crítica, ocorre na madrugada do dia vinte e quatro de agosto quando o velho ao encontrar Procópio de dormindo acorda-o a gritos e depois atira uma moringa que acerta em cheio sua cabeça, começa então uma luta e Procópio acidentalmente tira a vida do coronel Felisberto.
Depois do crime o enfermeiro tenta disfarçar as cenas do crime e consegue. Machado então aponta uma das características peculiares à escola realista: a justificação de atos ilícitos com base em falsos argumentos, pois Procópio tenta de qualquer forma justificar a morte do coronel. Já no Rio de Janeiro Procópio recebe a notícia de que herdara todo o dinheiro do falecido, no princípio com remorso aceita, porém promete doar tudo para a caridade, contudo ambição o possuí e ele acaba justificando o seu crime com base nas opiniões dos moradores e de uma consulta com um médico para livrar a sua consciência, argumentando consigo mesmo que a morte dele era certa e que talvez ele nem tivesse culpa de fato de sua morte. Convencido disso, Procópio então esquece o seu plano inicial e acaba por ficar com a herança fazendo poucas ações de caridade. É bom citar também a crítica a religião, pois ele ignora seus conhecimentos teológicos aprendidos com o sacerdote com o qual estudava teologia, dessa forma, Machado mostra que muitas vezes os homens acabam escondendo seus lados obscuros atrás de uma religião.
