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Resenha: O Segredo de Augusta

O Segredo de Augusta é um conto escrito por Machado de Assis e integrante da obra Contos Fluminenses, de 1870. A história gira em torno da família Vasconcelos, na segunda metade do século XIX, envolvendo principalmente a temática de uma sociedade de aparências.


Senhor Vasconcelos é um homem de quarenta anos e bem apessoado, muito ocupado e que quase não tem tempo para sua esposa Augusta e sua filha Adelaide.


Augusta tem trinta anos e Adelaide quinze; mas comparativamente a mãe parece mais moça ainda que a filha. Conservava a mesma frescura dos quinze anos, e tinha de mais o que faltava a Adelaide, que era a consciência da beleza e da mocidade; consciência que seria louvável se não tivesse como consequência uma imensa e profunda vaidade. A sua estatura era mediana, mas imponente. Era muito alva e muito corada. Tinha os cabelos castanhos, e os olhos garços. As mãos compridas e bem feitas pareciam criadas para os afagos de amor.


Já Adelaide fora criada boa parte de sua infância em uma fazenda dos parentes de sua mãe, onde o cultivo de café era mais importante que as despesas com vestuário, desenvolvendo assim hábitos mais humildes que seus pais. Ao voltar para a cidade, adaptou-se àquela realidade e sofreu uma verdadeira transformação.


Certo dia, Vasconcelos recebe uma proposta de casamento para sua filha de seu grande amigo Gomes, que dizia-se muito apaixonado por Adelaide. Vasconcelos aprova o casamento, contanto que sua filha também afirme estar apaixonada por Gomes.


Pouco depois, o credor Sr. José Brito aparece para exigir o pagamento de uma dívida de Vasconcelos, que não havia como pagar e vê o casamento de Gomes e Adelaide como algo certo, assim poderia mais tarde pedir dinheiro a seu futuro genro.


No dia seguinte, o pai de Adelaide resolve contar a situação à moça, mas ela não se dispõe a casar por ser muito jovem e não amar o pretendente, recorrendo à seu tio Lourenço para que ele a ajude a fugir do casamento indesejado. Lourenço, por sua vez, tenta argumentar com Vasconcelos, mas não obtém sucesso e nada pode fazer.


Com a pressão do credor, o marido decide contar à Augusta sua precária situação financeira e a proposta de Gomes, mas ela se opõe e diz ao marido para que arrume outra forma de quitar a dívida.


Certo dia, Vasconcelos ouve uma conversa entre sua esposa e uma amiga, na qual ela afirma não gostar da ideia de ser avó e por isso não aceita que Adelaide se case tão cedo. Vasconcelos abre a porta e revela a sua desaprovação à atitude egoísta da mulher, afirmando que não haveria casamente, e consequentemente Adelaide se casaria quando fosse de sua vontade.


Gomes recebe a informação de que o casamento não se realizaria e reflete sobre quem seria a herdeira com quem se casaria. Mesmo assim, ele e Vasconcelos continuam se encontrando como dois amigos que sempre foram.


Neste conto nota-se o destaque à trajetória social da mulher do século XIX: Augusta é uma mulher vaidosa e egoísta, que deixa de lado seu papel de mãe – fato este revelado pela falta de intimidade e sintonia entre ela e a filha - e se entrega à opulência da vida burguesa, distanciando-se dos afazeres domésticos e outras tarefas que seriam comuns a ela na época.


Além disso, outros temas, como o autoritarismo patriarcal e a vida boemia – referentes à Vasconcelos - e principalmente o casamento por interesse também são evidenciados. A proposta de matrimônio entre Adelaide e Gomes reforça a ideia de que o acontecimento era visto como uma troca de favores e movido por interesses e ambição, diante de uma sociedade corrompida sustentada pelo poder do dinheiro e do status.



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