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Conto: Ilusão

(Conto de autoria do aluno)


Esta passagem que irei contar, caro leitor, é um relato de uma vida infante, quando inocentemente era criança, não eu, mas o individuo que apresentarei.


A história...


Na verdade, não me vem à cabeça a história neste momento, dá-me um tempo.


...


Ah! Lembrei...


Num dia desses, conta um desconhecido não muito alto que conheci no leito, num orfanato com o curioso nome de Cruzes Credo, localizado no fim da Rua Cesária, um garoto de capuz verde e de pequena estatura, estava a pensar na vida. Imaginava muitas viagens, as mais diversas aventuras, os maiores desbravamentos que aconteceram na humanidade, coisas extraordinárias e hilárias que podia fazer, além de realizar seu maior desejo, que diferente de qualquer criança que ali vivia não era ter uma família, mas era ver um eclipse solar em cima de uma montanha enquanto comia lasanha.


Rapidamente falarei a história do garoto que se resume assim: fora deixado no orfanato quando bebê, mas nunca comentaram quem o deixou lá e cresceu sem família. O único individuo que adotou como suposto amigo foi seu colega de quarto Feiosvaldino. Um ser estranho, mas que sempre o ouvia nos momentos de tristeza e angustia, apesar da surdez que o destino lhe deu de presente, aconselhava sabiamente, apesar da gagueira atirada em sua boca por pilhérias que a vida quis fazer com sua cara. Retirando apenas esses pequenos pontos, era um ser admirável. O garoto de capuz verde também era muito conhecedor dos números, nessas idas e vindas que fazia a biblioteca do orfanato, aprendeu diversas coisas, Física, Matemática, Astronomia e outras áreas das exatas, acho que deve ter começado a fazer seu primeiro cálculo matemático antes mesmo de aprender a falar. Também era muito reflexivo, pois gostava também de Filosofia, mas nunca demostrou a ninguém sua tamanha inteligência. E estes são os dados desse menino chamado August.


Ao parar de pensar foi deitar, mas, na calada da noite do mesmo dia, à porta do orfanato ouve-se batidas, quem poderia ser? O horário de visitas já tinha acabado e não gostavam de receber ninguém após este. De repente um estranho casal entra no orfanato, iam provavelmente adotar uma criança. E era isto, o menino percebeu quando demoraram um lapso de tempo para chamá-lo. O fato do menino sempre vestir aquele capuz era o que cativara o casal.


August fez logo as malas e se mudou para uma casa perto dali. Após duas ruas, também no fim da rua, era onde iria morar.


A real história aparece aqui. Acontece que, obra do destino ou não, o casal, que aqui é descrito como apenas uma só pessoa para facilitar a escrita, gostava de viajar e com frequência o fazia. Logo que o menino chegou já se puseram a aprontar as malas para a saída. O casal iria fazer uma longa viagem por diversos lugares, por diversos países, se possível. Então se puseram a caminho, o meio de viagem seria de barco, especificamente iriam de cruzeiro, pois eram do mais alto poder aquisitivo.


E no caminho o garoto conversou com os novos pais, porém, sempre com a cabeça abaixada. Nessas conversas, teve a ação de falar que sempre quis viajar ou ter uma aventura ou desbravar lugares ou até fazer coisas extraordinárias e hilárias. Mas seu maior desejo mesmo era ver um eclipse solar em cima de uma montanha enquanto comia lasanha. O casal retribui-lhe a fala dizendo:


- Engraçado! Logo logo, ao raiar o dia, teremos a oportunidade de presenciar um eclipse solar e se tivermos sorte e tempo, ao parar na próxima ilhota podemos ir a montanha ver o grande fenômeno natural. Só nos falta arranjar uma lasanha!


E garoto sorriu entre a escuridão que o capuz fazia em seu rosto. Então continuaram a viagem até a ilhota. Não demorou muito o sol raiou e a previsão para o eclipse seria para o começo do dia. Então os passageiros do cruzeiro, entre eles August e o casal, desceram até a terra firme, pois já haviam chegado à ilhota.

O eclipse estava se aproximando e August já estava numa montanha localizada perto da costa sul da ilha quando o casal chegou com uma lasanha bem deliciosa que arranjaram com o cozinheiro do navio e o eclipse começou.


Esse é o fim da história...


Mentira...


Enquanto o eclipse começava o casal se admirava e ficava maravilhado, mas o garoto não mostrava reação. Ambos começaram a comer a lasanha. Cada vez mais o fenômeno chegava ao ápice, então quando aconteceu, os pais ficaram extremamente felizes e disseram enquanto comiam lasanha junto ao garoto:


- Que lindo! É incrível! Está gostando?


- O quê? Já está acontecendo?


Os pais, surpresos com a resposta, olharam para o menino. O sol já estava aparecendo novamente, não somente o sol, mas a face do menino também e visível foi o seu rosto naquele momento. Então a resposta da pergunta que ele fizera aos pais foi respondida quando viram a cegueira que abateu os olhos do garoto, enfeitada com uma cicatriz que se iniciava ao lado do seu olho direito e ia até a ponta do seu outro olho. O garoto na verdade, já era cego desde pequeno, chegou assim, cresceu assim e vivia assim, ninguém sabia quem fez isso no garoto, só o desconhecido, mas agora já está morto. Voltando, os pais abismados indagaram o menino de forma mais exaltada:


- Se a escuridão caiu aos seus olhos, porque nos fez cumprir seu maior desejo de ver algo invisível a você?


O garoto deu um sorriso sarcástico e disse:


- O homem só deseja aquilo que não pode alcançar e se chega perto e a alegria supostamente mostra a cara, ela o rejeita de forma nefasta. Daí a ideia da inatingível felicidade. Não se iluda, às vezes a vida mostra bom, antes da desgraça, não abra seus olhos para a ilusão, antes... Os tampe.


O garoto foi levantar-se, mas algo pareceu que o puxou e ele escorregou e caiu montanha abaixo.

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