Análise: Igreja do Diabo
- Andreza Queiroz
- 15 de out. de 2015
- 2 min de leitura
ENREDO
Conta um velho manuscrito benedito que o Diabo resolve fundar uma igreja, pois estava cansado de ser desorganizado e de ficar com as circunstanciais sobras das diferentes manifestações de fé. O Diabo decide comunicar sua intenção a Deus, este deixa que a igreja seja criada para recolher os homens perdidos no pecado. Imediatamente, o Diabo desce à terra e começa sua pregação. Defende a inveja, a gula, a preguiça, tudo com justificativas da história, das letras e das artes. Rapidamente, obtém mais e mais adeptos, tornando-se a nova igreja hegemônica. Os dogmas do Diabo propagaram-se pelo mundo, tornando-se conhecidos em muitas línguas. Com o tempo, o Diabo percebe baixas entre seus fiéis. Estes praticavam, às escondidas, atos de bondade, de arrependimento e voltavam aos antigos dogmas cristões.
PERSONAGENS
Diabo – Resolve criar sua própria Igreja. Desce à terra para ensinar seus dogmas e obtém muitos adeptos. No conto, a personagem assemelha-se a Cristo, que ensinava através de parábolas e evangelizou os homens a fim de salvá-los.
Deus – Permite que o Diabo crie sua igreja, pois entende a contradição humana. Acredita que a Igreja do Diabo recolherá os homens perdidos.
TEMAS
O conto A Igreja do Diabo possui como tema a religiosidade, a contradição humana e o pecado. A "contradição humana" aludida no texto remete à contradição da religião cristã em eterno conflito com a essência do homem.
TEMPO – Tempo cronológico.
FOCO NARRATIVO - narrado na terceira pessoa, narrador onipresente e onisciente.
ESPAÇO – Uma pequena parte da história passa-se no céu (conversa entre Deus e o Diabo) e o restante na terra.
VEROSSIMILHANÇA
A verossimilhança do conto é a essência humana, marcada pelo conflito entre o bem e o mal, razão e religião. Machado reproduziu a realidade da sua época, esboçando o ser humano como facilmente corruptível e sujeito às influências malignas ou de qualquer espécie
CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA LITERÁRIA PRESENTES NO CONTO
O conto faz parte do livro Histórias sem data publicado em 1884, na segunda fase do autor, a realista. Neste conto, Machado critica a humanidade e a sociedade, mostrando a imperfeição humana.
As reflexões, o universalismo, a análise psicológica profunda das contradições humanas, as críticas, o pessimismo, a ironia e o humor negro são as principais características realistas presentes na obra.
Além disso, o conto está marcado pela intertextualidade, pois o personagem Diabo utiliza obras conhecidas para justificar seus dogmas.
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