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Conto: A história do Diabo, aos olhos do Diabo

Um velho manuscrito que diz ser um pedaço do Evangelho do Diabo conta a verdadeira história o Diabo, não o “velho e deturpado projeto de história que ousa se chamar sagrado”, como disse o homem que a mim entregou estes papéis. Se a história é verdade ou não, só o próprio Diabo o sabe, mas de que custa contá-la aqui para vocês? Sendo assim aqui está o infame documento e a sua “verdadeira história”:


Um dia, há muito tempo, o Diabo foi ter com deus. Tanto tempo fazia, que ele ainda nem era Diabo, era apenas Lúcifer. Ele foi ter com deus porque estava revoltado com a sua atitude, estava revoltado porque ele via defeitos nele, que deveria ser perfeito. Esses defeitos eram o que hoje chamamos de 7 pecados capitais, também a hipocrisia e a arrogância; e ele realmente os tinha, mas nenhum anjo teve a coragem de questioná-lo pelo fato de terem sido criados por ele, e também porque todos tinham um pouco desses pecados em si. E foi o grande erro de nosso caro Lúcifer, enfrentá-lo. Ele então, revestiu-se de toda a educação e cortesia que lhe foi capaz, e foi ter com deus:


- Senhor, venho aqui confessar que tenho dúvidas sobre a sua conduta. Ultimamente o senhor têm feito muitas coisas que vão contra o que ensinou a todos nós, por exemplo, hoje mesmo vi você humilhar o arcanjo Miguel só porque ele tinha a harpa com o som mais bonito!


Deus, mesmo sabendo do que ele estava falando, não admitiu nada, ele era orgulhoso afinal. Por causa disso, a conversa com Deus de nada serviu para acalmar seus ânimos, o que ele já esperava. Só serviu para aumentar a sua indignação, o que acarretou, mais tarde, a sua revolta, na maior guerra divina que esse mundo já viu, e na sua consequente expulsão do paraíso.


Depois de ser confinado na Terra, que é um verdadeiro inferno para quem já provou do doce néctar do paraíso, o ódio, rancor e maldade de Lúcifer foram aumentando gradativamente, até que se tornou o ser amargurado que hoje conhecemos como Diabo.


Sim, eu disse que a história era sobre a queda do Diabo, mas, entre o começo e o fim de escrevê-la, eu recebi outro manuscrito, novamente, de uma pessoa misteriosa, que foi embora logo depois. Desta vez o documento me foi entregue por uma mulher. Aparentava estar perto dos 60 anos e tinha um certo ar de benevolência. Devo expor também o motivo de eu usá-lo aqui: ele parece ser a continuação do outro. Além de ser bem curto, é quase que um esclarecimento sobre tal. Enfim, tudo me faz achar que eu deveria uní-los, e aqui está o resultado:


Depois que Lúcifer o traiu, Deus ficou profundamente arrependido e decidiu não deixar algo parecido acontecer nunca mais. Ele também percebeu que o que Lúcifer dizia dele era verdade e, vendo o que tinha feito com a sua mais bela criação, e sabendo o porquê, decidiu se livrar desses pecados, mesmo que tivesse que perder uma parte de si. E é aí que nós humanos aparecemos nessa história: ao expurgar os seus pecados, o que saiu foram os dois primeiros humanos, Adão e Eva, que não tardariam muito a também pecar e serem expulsos do paraíso. E de cada anjo, saiu um descendentes dos dois. E mesmo eles vivendo no pecado, e sendo o pecado, Deus sabia que ainda eram parte Dele, além de ser sua mais singular criação, e ele sabia que deveria dá-los uma segunda chance de gozar da vida eterna.


E esses eram os dois manuscritos, me entregues por pessoas misteriosas, e igualmente misteriosos. Eu particularmente fiquei muito intrigado e deixo aqui essa questão para você. Cabe somente a você, leitor, decidir se acredita ou não...

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